Tóquio

Templo Senso-ji: o mais antigo de Tóquio, no bairro de Asakusa

Templo Senso-Ji, mais antigo templo budista de Tóquio, está localizado no bairro de Asakusa e traz para quem está visitando a cidade, a tradição japonesa em meio a megalópole que é a capital japonesa, não só exposta nos grandes portões e no templo em si, mas também nas lojas da rua Nakamise.

Para chegar até o Templo Senso-ji, a melhor forma é pegar o metrô, pela Ginza Line (G) ou Asakusa Line (A) e saltar na estação Asakusa (G19/A18). Fui ao templo após o horário do almoço e usei a Asakusa Line, optando pela saída A4 que chega a uma ruela de onde andando você leva 5 minutos a pé até o portão Kaminarimon.

O Templo Senso-Ji é também conhecido como Asakusa Kannon e foi construído em homenagem à deusa budista da misericórdia Kannon. Segundo a história, em 628 dois pescadores apanharam no rio Sumida uma estátua de ouro da deusa Kannon e em 645 lhe foi dedicado um templo. Ao longo dos anos o templo cresceu e Ieyasu Tokugawa doou a ele um grande terreno, que em 1657 recebeu um dos bairros boêmios da cidade, aumentando a popularidade do templo.

A principal entrada é o Portão Kaminarimon ou Portão do Trovão, em cor vermelha, onde está reunida uma multidão querendo tirar a melhor foto. No centro, uma grande lanterna de papel e nas laterais as estátuas feitas em madeira de Fujin (à direita) e Raijin (à esquerda), divindades do vento e do trovão, respectivamente. O portão original foi erguido em 942, mas queimado em várias épocas, incluindo a última em 1865, sendo então reconstruído apenas em 1960 e por essa razão as estátuas das divindades possuem cabeças antigas e os corpos renovados.

A partir dali, seguimos por uma rua inteira de lojinhas dos mais diversos artigos, a Nakamise-dori, considerada distrito comercial do templo. A ideia é percorre-la por inteiro, parando para ver todos os artigos que são vendidos, desde alimentos típicos, leques, roupas de samurai e de gueixas, lembrancinhas de viagem e etc. Caso sua intenção seja chegar logo ao templo, recomendo seguir pelas ruas paralelas onde também tem algumas lojas, mas com uma movimentação menor. Como eu adoro umas comprinhas, me perdi ali por algum tempo e não me arrependo. Ao final da rua já é possível avistar o Portão Hozo-mon e o templo principal ao fundo.

Portão Hozo-mon atual foi construído em 1964 no estilo do início do período Edo, com concreto reforçado, após vários incêndios, sendo o último ocasionado pela Segunda Guerra. Possui em dimensão 21,7 metros de altura, 21,1 metros de largura e 8,2 metros de profundidade e foi construído em dois andares, sendo que o andar de cima serve como uma sala de tesouros com vários sutras chineses do século XIV. Segundo a história, o primeiro portão ali construído em 942 era chamado Portão Nio-mon, devido ao culto às estátuas de madeira Nio, representando os deuses budistas Deva, que ali permanecem até hoje nas laterais, representados em estilo de boca aberta e fechada.

Entre o Portão Hozo-mon e o templo principal está o famoso jokoro, um queimador de incensos que podem ser comprados no local e que atrai pessoas que buscam purificação e saúde, ritual comum também antes de entrar no Pavilhão principal. Nesta área também estão os famosos “papéis da sorte” Omikuji que trazem mensagens que variam da sorte ao azar. Basta depositar 100 ienes e enquanto pensa em um desejo, a pessoa sacode a caixa de metal com varetas e retira uma delas que vem numerada (em símbolo japonês); após procurar o número correspondente na gaveta, retire um papel (omikuji) e leia a mensagem que vem em japonês e inglês. Se for uma mensagem de boa sorte, leve o papel com você; caso não seja, amarre-o nos vários arames que estão no local. No meu caso, foi um de boa sorte. O templo ressalta que independente da mensagem que o papel traz, cada um pode escrever seu próprio futuro. Então não se impressione e leve com naturalidade essa experiência.

Chegando ao Pavilhão principal, o santuário é laminado a ouro, com paredes e teto enfeitados com obras de arte e abriga a imagem original da deusa Kannon recolhida pelos pescadores. O templo sobreviveu ao terremoto de 1923, mas não às bombas da Segunda Guerra, por isso foi reconstruído aos moldes do estilo Edo. Na mesma área encontra-se o pagode de cinco andares que estava em obras quando visitamos o templo e a estátua dourada do buda Nade Botokesan, que não pudemos visitar, mas que segundo a lenda, ajuda em casos de doença e traz boa sorte a quem passar a mão em seus joelhos.

Vários outros templos circundam a área como o Asakusa Jinja, construído em 1649, dedicado aos pescadores que encontraram a estátua da deusa Kannon; o Pavilhão Yogodo, construído em 1994 para comemorar o 1200º aniversário de Ennin, o monge que estabeleceu Senso-Ji como templo e que abriga estátuas de Bodhisattva Kannon e doze budas protetores, cada um representando um signo do zodíaco; e o templo Hashimoto Yakusi-do que recebe esse nome por ter sido reconstruído em 1679 próximo a uma ponte e abriga a imagem de Yakushi Nyorai, considerado o “médico das almas”.

Adoro estátuas e monumentos e algumas me chamaram a atenção quando estive visitando a área do Templo Senso-Ji. Uma estátua em cobre de Shibaraku, famoso personagem vivido pelo ator do teatro Kabuki, Danjuro Ichikawa (1838-1903), aos fundos do Pavilhão Principal; o par de budas Nisonbutsu, sendo que a imagem à direita traz misericórdia e a da esquerda sabedoria para os seus adoradores; e a estátua sentada de Kannon Bodhisattva, datada de 1720 e adicionada ao registro de propriedade cultural do distrito de Taito em 2007.

Toda a área do Templo Senso-Ji é rica em detalhes e histórias e quem aprecia, pode fazer uma total imersão na cultura japonesa, sem sair de Tóquio, reservando ao menos umas três horas para conhecer tudo e fazer umas comprinhas na Nakamise-dori.

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Leo Vidal
Carioca, biólogo, apaixonado por música, filmes e sempre disposto para novas viagens. Compartilha suas dicas de viagem há mais de 10 anos, sempre antenado ao melhor da gastronomia e hotelaria.

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