Uma das novidades em Gramado é o novo Museu do Festival de Cinema de Gramado. Localizado dentro do Palácio dos Festivais, logo após uma reformulação, o museu exibe uma nova exposição permanente. Com conteúdo sobre a história do festival, as salas interativas levam a uma imersão no mundo do cinema nacional. Os amantes de cinema precisam conhecer.
Festival de Cinema de Gramado
O Festival de Cinema de Gramado é o maior festival de cinema ininterrupto do Brasil. O que começou como uma mostra de verão da festa das Hortênsias, se tornou, posteriormente, o símbolo máximo do cinema nacional. Idealizado por Horst Volk e Romeu Dutra, em janeiro de 1973, o festival traz para a Serra Gaúcha renomados cineastas, grandes estrelas e nomes promissores da produção audiovisual.
O Festival acontece sempre no mês de agosto e agita a cidade de Gramado. Pelo tapete vermelho estendido da Rua Coberta até o Palácio dos Festivais já passaram grandes nomes do cinema. O Kikito, deus do bom humor, esculpido em bronze e entregue aos vencedores, é seu maior símbolo. Em 2022, o festival completa 50 anos celebrando seu legado: fortalecer a cinematografia brasileira e latina. Por isso, em forma de comemoração, reformulou-se a exposição do Museu do Festival de Cinema de Gramado.
O Palácio dos Festivais
Fomos a pé do Hotel Wood onde estávamos hospedados até o Palácio dos Festivais. O percurso é curto e logo ao chegar basta se dirigir à bilheteria para garantir seu ingresso. Em abril de 2022, o valor era de R$ 50 (inteira), mas comprando pelo site, tem promoção. Morador de Gramado e Canela pagava R$ 15. O museu funciona diariamente das 11h às 19h. Solicitei a visita guiada para poder produzir o conteúdo para o blog. No entanto, a exposição é interativa e auto-guiada, permitindo que o visitante leve o tempo que quiser em cada estação.
Como dito anteriormente, o museu fica no Palácio dos Festivais. O prédio teve inauguração em 1967 ainda como Cine Embaixador. Logo depois de uma reforma, em 1988, se tornou o Palácio dos Festivais de atualmente, assumindo a fachada colonial de acordo com os demais prédios da cidade. Logo no hall de entrada, chama atenção uma reprodução gigante do Kikito. No teto, posteres dos filmes vencedores de cada ano do festival, desde 1973 até os dias de hoje.
Em seguida, nos dirigimos para o auditório com capacidade para 1.100 pessoas. O espaço é o mesmo desde então, apenas as poltronas mudaram na reforma de 2012. No auditório são exibidos os filmes que figuram na programação do Festival de Gramado. Esta é apenas a primeira parte da visita ao Museu do Festival de Cinema de Gramado.
Exposição do Museu do Festival de Cinema de Gramado
A partir daí, inicia-se a exposição do Museu do Festival de Cinema de Gramado propriamente dita. Primeiramente, um apanhado sobre a história do cinema mundial, desde 1895 quando aconteceu a primeira exibição comercial de cinema pelos irmãos Lumière. De forma cronológica essas informações figuram em um painel na parede, de fácil acesso para leitura do visitante.
Em seguida, um enorme projetor italiano ocupa parte da sala. O projeto 35 mm Prevost foi responsável pro projetar, ao longo de 30 anos, os grandes filmes em exibição no Festival de Cinema de Gramado. Ele foi substituído em 2002, dando lugar ao projetor atual. Eu nunca tinha visto um projetor ao vivo e achei o máximo. Não imaginava que fosse tão grande.
A próxima parada de nossa visitação foi no “Você Sabia?”, um quiz interativo do Museu do Festival de Cinema de Gramado. Curiosidades sobre o cinema estão de um lado de esferas e ao vira-las, o visitante pode ver se respondeu corretamente. Seguindo ainda a visita interativa, três biombos eletrônicos que exibem os vencedores nas categorias de Diretor, Ator e Atriz de todos os anos do Festival.
Outra área totalmente interativa é a “Você tem uma nova Mensagem de Voz”. Nesta parede estão caixas de som com declarações de diretores que já participaram do festival. Em outra sala, a exibição de curtas selecionados sazonalmente. Detalhe é que ali estão as primeiras cadeiras do auditório principal que foram retiradas em 2012. Por fim, uma área dedicada ao Cine Embaixador, pioneiro palco do Festival de Gramado. Inclusive, está exposta uma roleta da época.
Os Troféus no Museu do Festival de Cinema de Gramado
Uma ala do Museu do Festival de Cinema de Gramado é dedicada aos três prêmios do Festival: Troféu Eduardo Abelin, Troféu Oscarito e Troféu Kikito de cristal.
Troféu Oscarito – Foi criado para premiar personalidades e entidades marcantes para a cinematografia brasileira. Nomeado em homenagem ao comediante Oscar Lorenzo Jacinto de la Inmaculada Concepción Teresa Diaz, responsável por difundir o cinema brasileiro nas décadas de 1940 e 1950. O troféu, em seu ano de criação (1990), consagrou Grande Otelo, parceiro de Oscarito nos tempos da Atlântida e um dos maiores nomes do cinema nacional.
Troféu Eduardo Abelin – Evidencia o nome do pioneiro do cinema gaúcho. A homenagem foi criada com o objetivo de premiar diretores, cineastas, produtores ou entidades pelo trabalho realizado em benefício do cinema brasileiro. O primeiro troféu foi entregue em 2001, ao cineasta Carlos Reichenbach.
Troféu Kikito de Cristal – Criado em 2007, o troféu destaca grandes expoentes do cinema latino-americano. Ele é a representação de um cinema plural e de um Festival que vai além de suas fronteiras. A cada edição ele é produzido pelo próprio homenageado, trazendo consigo todo o seu simbolismo para o ano seguinte.
Troféu Kikito e sua história no Museu do Festival de Cinema de Gramado
O grande troféu do Festival de Cinema de Gramado também tem uma ala própria. O Kikito nasceu em 1967, pelas mãos da artista plástica Elisabeth Rosenfeld, produzido para a Feira de Artesanato de Gramado. Logo após, se tornou o troféu mais desejado da cinematografia brasileira. Ela faleceu em janeiro de 1980, mas sua lembrança se eterniza nos mais de mil Kikitos já entregues.
O Kikito é símbolo do Deus do Bom Humor, dessa forma trazendo alegria à cidade e ao Festival. Nos primeiros anos do Festival, era confeccionado em imbuia (madeira) com 33 cm de altura, pelo artesão gramadense Orival da Silva Marques. Foi apenas no ano de 1989, que a confecção do Kikito passou a ser feita em bronze. Atualmente, mede 28 cm e pesa 3,5 kg. Eu tive a honra de pegar um Kikito nas mãos e me sentir um premiado do Festival de Cinema de Gramado. O melhor é que a estátua está ali disponível para que todos possam sentir-se premiados.
Ainda na sala, um Kikito Holográfico em madeira feito especialmente para a comemoração dos 50 anos do Festival de Cinema de Gramado. O artista porto-alegrense Paulo Petzold é responsável por essa releitura que faz referência ao primeiro modelo da estatueta. Para o efeito de holografia foi empregada a técnica “sliced”.
Finalizando a visita ao Museu
Após “receber” meu Kikito, ainda aproveitei a última área interativa da exposição do Museu do Festival de Cinema de Gramado. Uma área dedicada às trilhas sonoras das produções nacionais que já passaram pelo Festival. Biombos dividem as áreas, que tem uma caixa de som acima em uma cúpula. De lá ecoam as músicas que fizeram história no cinema nacional. Por fim, uma área com relatos jornalísticos e pôsteres de todos os filmes já exibidos no Festival de Cinema de Gramado. Em seguida, uma sala que vou manter a surpresa para quem for visitar. Ao final, um café com vista do centro de Gramado e para a Rua Coberta.
Achei sensacional a visita ao museu. A curadoria da nova exposição do Museu do Festival de Cinema de Gramado está de parabéns. Sem dúvida, uma visita obrigatória aos amantes do cinema e claro da história da cidade. Em seguida, ao sair do Palácio dos Festivais, preste atenção na Calçada da Fama. O calçadão em frente e nos arredores do Palácio dos festivais tem placas com as mãos de artistas famosos, aos moldes da Calçada da Fama de Hollywood.
Endereço: Av. Borges de Medeiros, 2659 – Centro – Tel.: (54) 3905-4811