Após o domínio dos mouros, os primeiros reinados cristãos deram início à Reconquista Cristã, que em Portugal se deu em 1249. Com essa retomada, muitas mesquitas e palácios mouriscos foram transformados em igrejas. No norte do país não foi diferente. Por isso reuni aqui as mais emblemáticas e belas igrejas do Porto para visitar.
Pelo Centro Histórico
Uma das que mais gostei de conhecer foi a Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Está localizada no centro histórico da cidade, facilitando conciliar com outras atrações. A Igreja da Ordem Terceira do Carmo, como também é conhecida, foi construída na segunda metade do século 18. Em estilo rococó, foi o segundo projeto de José de Figueiredo Seixas.
Em 1912, a fachada lateral foi revestida com um grandioso painel de azulejos criado por Silvestro Silvestri. Nele está retratada a lendária fundação da Ordem das Carmelitas e a Imposição do Escapulário no Monte Carmelo. A igreja é dedicada a Santa Ana e tem no seu interior um retábulo-mor talhado em ouro. Ao lado está a Igreja dos Carmelitas, que combina o estilo clássico e barroco e tem em seu interior retábulos e púlpitos em talha dourada.
A visita ao interior da igreja é pago. O ingresso dá direito a conhecer a Casa Escondida, a casa mais estreita da cidade. Ela fica entre as duas igrejas do Porto que mencionei acima. A casa foi concluída em 1768 e nela residiriam capelães da igreja, artistas e médicos contratados pela Ordem do Carmo e seu hospital. Ela serviu de inspiração para escritores de contos fantásticos que incorporaram em suas obras a imagem misteriosa de uma casa estreita e escondida.
Logo após, a sugestão é continuar o roteiro pelas igrejas do Porto, visando a Igreja dos Clérigos. Ela não pode ficar de fora da visita. Já contei com mais detalhes da igreja no post que falo da Torre dos Clérigos.
A Catedral do Porto
Outro marco religioso da cidade é a Catedral do Porto ou Sé do Porto. A catedral está no alto de uma colina. Construída nos séculos 12 e 13, contudo, foi modificada várias vezes ao longo desse período. As duas torres unidas por uma rosácea, lembram muito a Notre Dame de Paris e a Sé de Lisboa, por exemplo. Entretanto, alguns detalhes a diferem das mesmas.
Não consegui entrar porque estava fechada ao público. Mas pelas minhas pesquisas, vale conhecer a Capela de São Vicente onde está uma Santa Ceia em entalhe dourado. Além disso, conheça seu interior e o claustro. Ao lado da catedral, está o Paço Episcopal do Porto que foi morada dos bispos da cidade. Na praça em frente à igreja, o Terreiro da Sé, onde está a coluna torcida do Pelourinho, símbolo do poder da justiça. Nessa coluna, foram enforcadas muitas pessoas consideradas criminosas.
Menores mas igualmente belas
Descendo para a beira do rio Douro, passamos pela Capela de Nossa Senhora do Ó (A). Nela se encontra a imagem da santa que foi trazida da capela da Porta da Ribeira, demolida em 1821. O edifício data do século 17, quando ainda era capela de Nossa Senhora da Piedade ou do Cais. No interior destaca-se um retábulo em talha de início do século 18, da autoria de João da Costa.
Mais uma das igrejas do Porto, a Igreja da Lapa (B) atrai muito turistas brasileiros por ser o local onde está enterrado o coração de D. Pedro I. Porém, as visitas ao interior da igreja não garantem ver essa relíquia. São necessárias cinco chaves para permitir acesso ao recipiente de vidro, que estão sob a tutela da prefeitura do Porto.
Em frente ao Palácio da Bolsa, está a Igreja de São Nicolau (C), uma antiga igreja medieval que foi destruída por um incêndio em 1758. Reedificada em estilo misto de clássico e barroco, é um templo de uma só nave. No seu interior destaca-se a talha de estilo rococó da autoria de Frei Manuel de Jesus Monteiro, bem como um painel do pintor João Glama. É ainda a sede da antiga Confraria dos Ourives.
Na Rua das Flores, a Igreja da Misericórdia (D) foi construída na segunda metade do século 16. Sofreu alterações em meados do século 18, incluindo a fachada segundo projeto de Nicolau Nasoni. Em estilo rococó, apresenta em seu interior o quadro Fons Vitae (Fonte da Vida). De autoria desconhecida, foi doado por D. Manuel I em 1520. Na obra estão retratados o rei, sua família e nobres ajoelhados diante de Cristo.
Talvez a igreja mais fotografada no Porto seja a Capela das Almas de Santa Catarina (E). O motivo, sem dúvida, é seu revestimento externo, todo em azulejos em cores azul e branco. Construída no início do século 18, sofreu restauros em 1801. Porém, foi em 1929 que recebeu o revestimento em azulejos da autoria de Eduardo Leite. Os azulejos produzidos na Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, representam cenas da vida de São Francisco de Assis e de Santa Catarina. Seu interior apresenta altares neoclássicos e abriga a imagem de Nossa Senhora das Almas, também datada do século 18.
Certamente existem muitas outras igrejas em homenagem a outros santos. Mas se você seguir esse roteiro, terá visto as mais emblemáticas igrejas do Porto.