O bairro de Alfama já foi o mais valorizado de Lisboa, uma vez que os mouros queriam ficar próximos ao castelo situado no topo da colina oriental de Lisboa. O castelo em questão é o famoso Castelo de São Jorge, um verdadeiro ícone da capital portuguesa, de onde se tem uma belíssima vista do rio Tejo e dos telhados das casas que se aglomeram nas ladeiras e ruas de Alfama.
O Castelo de São Jorge é um monumento nacional dentro do perímetro das Muralhas de Alcáçova. A fortificação foi construída pelos mouros em meados do séculos 11 como reduto de defesa para a elite que ali vivia, incluindo o alcaide mouro – uma espécie de prefeito. Em 1147, o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, reconquistou Lisboa e transformou a fortificação em um castelo cristão, que se tornou residência real, atingindo seu período áureo. Os antigos edifícios da época islâmica foram adaptados e ampliados para acolher o Rei, a Corte, o Bispo e instalar o arquivo real em uma das torres do castelo.
Essa transformação em paço real aconteceu no século 13 e perdurou até o século 16. Em 1511, Manuel I ergueu um palácio mais luxuoso na atual Praça do Comércio e posteriormente, em 1580, o castelo de São Jorge adquiriu um caráter funcional militar. Com o terremoto de 1755, a fortaleza ficou em ruínas e novas construções tomaram seu local. Em 1938, Salazar acrescentou jardins e aves selvagens ao local e durante essas renovações se descobriu vestígios do antigo paço real. Ao final do século 20, as investigações arqueológicas levaram a grandes achados que fizeram que com que o castelo recebesse o título de Monumento Nacional por Decreto Régio.
Quando estive a primeira vez em Lisboa, em 2011, para chegar ao castelo tive que subir todas as ruas e ladeiras do bairro de Alfama. Qual não foi minha surpresa ao saber que agora ficou muito mais fácil chegar ao castelo, com um elevador, que liga a Baixa à região do castelo. O Elevador Castelo leva da Rua dos Fanqueiros à Rua da Madalena, que foi onde peguei o segundo elevador no Mercado do Chão do Loureiro. Os elevadores são gratuitos e meio escondidos. Ao sair do elevador, basta seguir as placas que indicam o caminho ao Castelo de São Jorge.
Para entrar no Castelo é preciso comprar um bilhete, que não pode ser comprado com antecedência pela internet. As filas têm ficado grandes, eu fui no horário do almoço e consegui não encarar uma fila imensa, então fica a dica do horário. Ao entrar, circulamos pelo terraço, uma praça de onde podemos ter vista perfeita de Lisboa e do rio Tejo. Margeando o miradouro da fortaleza, fomos caminhando em direção ao Museu do Castelo, passando pelos grandes arcos de pedra que sobreviveram ao terremoto de 1755, pelo Café do Castelo e pelo restaurante Casa do Leão.
A exposição permanente do Museu do Castelo é uma coleção de objetos encontrados na área arqueológica proporcionando a descoberta de múltiplas culturas e vivências que desde o século 7 a.C. ao séculos 18 foram contribuindo para a construção de Lisboa. O sítio arqueológico permite observa vestígios das primeiras ocupações da região, passando pela zona residencial islâmica, ate chegar à residência palaciana.
Da época islâmica, construído em meados do século 11, a fortificação está aberta à visitação também. Situada nas partes Norte e Oeste da colina, esta parte abrigava a guarnição militar e ainda preserva 11 torres. A Torre de Menagem é a mais importante e servia como posto de comando e onde se hasteava o estandarte real. No século 18, foi instalado nessa torre o primeiro observatório geodésico de Lisboa.
Na Torre do Haver ou de Ulisses, se guardava o tesouro real e no reinado de D. Fernando, abrigava o arquivo real e era onde se tombavam os documentos mais importantes do reino – daí o outro nome de Torre do Tombo. Desde 1988, é nesta torre que está a Câmara Escura, um equipamento que permite explorar as vistas de Lisboa através de um sistema ótico de lentes e espelhos. A entrada é feita em intervalos de tempo definidos e normalmente formam-se filas para adentrar a câmara.
Ainda é possível visitar a Torre do Paço que no reinado de D. Afonso V era contígua à Casa dos Leões, onde ficavam dois leões para defesa. A Torre de São Lourenço garantia acesso seguro ao poço situado fora do castelo, proporcionando comunicação reagida com o exterior. A Torre da Cisterna recebe esse nome por ter um compartimento de recolha e armazenamento de águas pluviais. Completa a visita a Porta de Moniz, uma das três portas da zona amuralhada; o bairro islâmico e a área de ruínas do palácio dos Condes de Santiago.
Ao sair – ou ao chegar -, não deixe de tirar uma foto com a imagem de São Jorge que fica em uma redoma já no caminho de volta para Alfama. O Castelo de São Jorge está aberto diariamente das 09h às 21h de março a outubro e das 09h às 18h de novembro a fevereiro. Além de ser um ótimo local para assistir ao pôr do sol em Lisboa, é uma grande herança histórica de Portugal. O ingresso em agosto de 2018 custava 8,50 €.
Endereço: Rua de Santa Cruz – Tel.: +351 218 800 620