Kyoto

Fushimi Inari: o santuário dos torii em Kyoto

O santuário que eu mais tinha vontade de conhecer dentre os vários de Kyoto era o de Fushimi Inari. Apesar de ser popularmente conhecido como o santuário dos torii, este é um santuário xintoísta dedicado a Inari, divindade kami do arroz e do saquê.

O xintoísmo é a religião mais antiga do Japão e tem sua origem na palavra “shinto” que significa “caminho dos deuses”. Os torii são os ícones preponderantes do xintoísmo e são portais com dois varões na horizontal no alto que marcam a entrada de recintos sagrados. Os mais reconhecidos são os torii em madeira pintados de vermelho, porém existe torii de madeira crua, de pedra e concreto.

Para chegar ao templo, saímos da estação de Kyoto e pegamos o JR na linha Nara (incluso no JRPass), saltando na estação Inari. O percurso dura em torno de 5 minutos e é importante salientar que apenas o Local train (trem parador) para em Inari, o Rapid (mais rápido) não. Ao sair da estação Inari, basta atravessar a rua que já dá para avistar o santuário.

Fushimi Inari é o mais importante de todos os santuários xintoístas dedicado a Inari, o deus shinto do arroz. Este templo fica próximo da região produtora de saquê de Fushimi e foi dedicado ao deus pela família Hata, no século XVIII para assegurar a prosperidade do cultivo de arroz na época. O templo situa-se na base da montanha que também se chama Inari e que está a 233 metros acima do nível do mar.

O santuário Fushimi Inari recebeu o primeiro lugar no prêmio do TripAdvisor na categoria “local japonês mais popular entre turistas estrangeiros” em 2016. E realmente é muita gente indo visitar o templo, especialmente na época de verão (agosto) quando estivemos por lá. Um grande torii vermelho serve de entrada para o Two-storied gate também conhecido como Romon Gate, doado em 1589 pelo líder Toyotomi Hideyoshi, que é guardado por dois arqueiros (zuijin). Passando o portão, se tem acesso ao salão de adoração (Worship Hall) e o templo principal (Honden ou Main Shrine). Ao lado estão a sala da cerimônia de chá e o hall de música e dança.

Em meio a todos esses espaços, podemos ver estátuas de raposas (kitsune) de pedra em diversas posições, que são consideradas mensageiras de Inari. Algumas estão com um babador vermelho e a chave vista em sua boca é para o celeiro de arroz, porém algumas possuem uma bola na boca, que simboliza a alma da pessoa (tamashi).

Apesar de toda essa parte religiosa, o que atrai os milhões de turistas é o Senbon Torii um grande corredor de torii vermelhos já na subida da montanha. Essa sem dúvida é a melhor parte para lindas fotos, mas uma foto mais exclusiva exige um pouco de paciência. Dica: faça fotos no começo do corredor, mas fique tranquilo que mais para o alto, muitas pessoas desistem da subida e o corredor fica menos cheio, até porque, a qualquer momento da travessia existem trilhas que levam de volta para a base da montanha.

O número de torii, segundo falam, está entre 10 e 30 mil, porém parece que esse número já é bem maior. Os torii ao longo de toda a trilha são doações individuais ou de empresas, visando a prosperidade nos negócios. O nome do doador e a data da doação estão inscritos na parte de trás de cada portão. Por curiosidade, o custo de um torii pequeno fica em torno de 400 mil ienes (aproximadamente 4 mil dólares americanos), podendo chegar a um milhão de ienes, dependendo do tamanho.

Durante todo o percurso vemos oferendas para Inari, sejam miniaturas de torii ou triângulos de papel ou madeira (ema) onde são desenhadas as caras de uma raposas e seu pedido. Todas podem ser compradas (a um preço absurdo) nas lojinhas na entrada do santuário. Quando estivemos por lá em agosto, era época de festividades, então é bem comum ver tsurus (aves feitas de origami – dobradura) coloridos como oferendas também.

A trilha montanha acima leva para muitos templos menores que se espalham por quatro quilômetros, que demanda um tempo de aproximadamente 2 horas para percorrer o percurso completo. Dentre esses templos estão Takayama Inarisha que originalmente ficava no Palácio Imperial, sendo trazido para Fushimi Inari em 1874 (foto); Kumotsusho onde estão depositadas as oferendas para Inari; Oyashimasha com uma cerca vermelha que impede a entrada; e dois santuários Shinmesha, um de 1862 em madeira crua e outro de 1938, já pintado com cores vermelho, branca e verde.

Não deixe de visitar esse santuário, além de render lindas fotos, você terá conhecido um dos mais importantes santuários xintoístas do Japão. Reserve algumas horas para explorar parte da área ou se tiver tempo e disposição, siga até o topo da montanha, dizem que a vista é incrível.

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Leo Vidal
Carioca, biólogo, apaixonado por música, filmes e sempre disposto para novas viagens. Compartilha suas dicas de viagem há mais de 10 anos, sempre antenado ao melhor da gastronomia e hotelaria.

25 thoughts on “Fushimi Inari: o santuário dos torii em Kyoto

  1. Fushimi Inari é um dos meus grandes sonhos! Além de ser um Santuário importante e ponto turístico imperdível em Kyoto me dá a impressão de ser um daqueles lugares com clima diferente, mágico… adorei o post! 🙂

    1. Adorei a publicação, achei muito interessante e também me surprieendi pelo preço que custou este lindo santuário do Japão,apesar que eu precisava desta pesquisa para meu trabalho escolar de um projeto muito importante sobre nosso país vizinho! Me apaixonei por este assunto!

  2. Realmente esse santuário é bem popular mesmo, porque está em muitas fotos de viagem. Mas foi bom saber um pouco mais sobre a história dele e os torii

  3. Esse santuário é tão lindo! Meu sonho é conhecer o Japão, adoro a cultura oriental desde criança! Obrigado pelas dicas ricas do Santuário dos Torii em Tokyo!

  4. Nunca tinha lido um post tão pormenorizado acerca desse famoso templo. Nem sabia que a quantidade de torii continua a aumentar. Interessante dedicarem um templo ao arroz e ao sake!

    1. Oi Ruthia,
      estudei bastante sobre ele, porque era um dos templos em Kyoto que eu mais queria conhecer. O que achei mais interessante é saber que os torii são doações.

  5. Adorei este local próximo de Quito. É demais. Quando visitei estava cheio de gente mas mesmo assim não perde o carisma. Gostei de o ver pelos seus olhos. Obrigada.

  6. Sempre que vejo posts desse local, fico com muita vontade de conhecer! Kyoto é um desses lugares que não dá pra perder em um roteiro pelo Japão! A arquitetura é magnífica!

  7. Realmente, este corredor de torii é muito popular. Já vi muitas imagens, mas gostei de saber mais sobre outros símbolos, como as raposas. Apesar de muito cheio, como você disse, até que conseguiram exclusividade nas fotos! Japão está na lista, obrigada pelas informações.

  8. Léoooo! Que sonho! Esse corredor de torii vermelhos é simplesmente lindo!! Imagino que a viagem deva ter sido inteiramente incrível! Só estou chocada com o número… entre 10 mil e 30 mil? Genteee do céu! Deve ser incrível ver de pertinho! 🙂

  9. Não vejo a hora de fazermos nossa viagem para o Japão, cada lugar lindo. Cada vez que leio e vejo fotos dos pontos para se visitar, mais a ansiedade aumenta.

  10. Eu adorei visitar Fushimi Inari, foi uma das coisas mais surpreendentes, mas eu me arrependi porque cheguei no fim de dia e nao pude aproveitar tanto tempo com luz natural… ou seja, uma ótima desculpa para voltar!

    1. Oi Fabia, acho que de toda minha viagem ao Japão era o que eu mais queria conhecer, então me programei bem, vou te contar que até a cor da roupa eu já tinha pensado e escolhido hahahah

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