Casa da Música
Porto

Casa da Música: tour pela principal casa de concertos do Porto

Mais afastada do centro do Porto, porém de fácil acesso pelo metrô, está a Casa da Música. Como estávamos hospedados no Sheraton Porto, fomos a pé. Vale a pena conhecer o interior e as principais salas da casa de concertos do Porto. Mesmo que você vá em uma época sem grandes apresentações, como a que eu fui – mês de agosto é de férias – faça a visita guiada, que tem horários regulares.

As cidades do Porto e de Roterdam foram escolhidas em 1998 como Capitais Europeias da Cultura para 2001. Ambas cidades deveriam ter um espaço com salas acústicas e uma arquitetura marcante para a cidade, por isso foi lançado um concurso para analisar diversos projetos. O projeto arquitetônico vencedor para a Casa da Música do Porto foi o Y2K, projeto do holandês Rem Koolhaas primeiramente pensado para uma casa, mas que se adequou perfeitamente ao propósito do prédio.

No local onde hoje está a Casa da Música funcionava uma garagem e oficina dos elétricos (bondes) do Porto. Após demolição, recebeu o projeto que segue um conceito de transparência, prezando pelo vidro e alumínio escovado no interior e usando ainda mármore travertino para mimetizar a cortiça na praça principal externa. As ondas laterais simulam as ondas sonoras, mas há uma corrente contrária ao projeto que diz que seriam as ondas de choque de um meteorito que caiu na cidade, considerando o edifício como um objeto estranho.

Casa da Música

Visita Guiada à Casa da Música

O tour guiado se inicia pela Sala Suggia, a principal sala de concertos. Ela recebe o nome da violoncelista portuense Guilhermina Suggia. Com capacidade para 1238 pessoas, figura entre as 10 melhores salas de concerto do mundo, considerando a acústica, iluminação e conforto para a plateia.

O alumínio escovado que reveste o chão foi pensado para refletir a luz e torna-la iluminada. De maneira idêntica, o vidro duplo foi curvado para dar efeito ao som agudo e por razão estrutural, aumentando a superfície de contato, conferindo maior estabilidade à estrutura. As estruturas em madeira são de pinho nórdico da Finlândia, ótimo para a acústica. O revestimento das poltronas é feito de um material que absorve as ondas sonoras. Dessa forma, substitui 80% da presença humana, em caso de reverberação. Destaca-se ainda o órgão que é uma réplica oca com função decorativa e acústica. Nas paredes, a parte dourada faz referência às talhas douradas das igrejas portuguesas e os desenhos representam os veios da madeira.

Seguimos para o 4º piso, onde conhecemos a sala Cibermúsica, espaço originalmente pensado para o Serviço Educativo. A sala com capacidade para 100 pessoas foi adaptada para receber eventos de música eletrônica. Isso por causa de seu revestimento feito de borracha e espuma de poliuretano de um lado e betão aparente do outro. Essa combinação de material provoca um efeito único de dupla acústica. O que permite uma tolerância de reverberação de uma nota musical de 8 para 4 segundos, o que é aceitável para o ouvido humano. Caso se bata uma palma nos cantos opostos da sala, percebe-se claramente a propagação do som de forma distinta. O som fica mais claro, frio e natural no lado do betão, enquanto fica mais quente e encorpado no lado da borracha.

Passamos para a Sala do Renascimento. Ela recebe esse nome por conta dos elementos de perspectiva e referência às casas portuguesas do Porto. Era para ser um café, mas por conta da dificuldade de circulação, atualmente é utilizada apenas para trânsito. Dali seguimos para a Sala VIP, onde são recebidos os maestros, autoridades e acontecem as coletivas de imprensa. É nela também que se estabelece uma ponte entre as culturas portuguesa e holandesa. Ambas são famosas pelos painéis de azulejos. Algo interessante a se observar é que as réplicas de painéis portugueses retratam o trabalho, momentos de guerra e políticos. No entanto, as réplicas dos painéis holandeses retratam a nobreza em momento de lazer e eventos culturais. A vista desta sala oferece uma perspectiva muito abrangente da cidade do Porto. Desde o pináculo da Torre dos Clérigos até o Oceano Atlântico.

No 5º piso está a Sala 2 com capacidade para 300 lugares sentados e 650 em pé. Nesta sala polivalente é possível escolher a configuração da sala, de acordo com o evento que vai ser realizado. Normalmente é utilizada para concertos pequenos, concursos de jovens músicos, apresentações de pop-rock, fado. Contudo, também pode ser alugada para receber jantares. O chão é de carvalho francês e a parede revestida por placas perfuradas tingidas em vermelho. Uma referência às grandes casas de ópera. O acesso é feito por duas portas de vidro e alumínio, integradas nos painéis de divisória do foyer, com alto índice de isolamento sonoro. Passamos também por uma área onde fica o gamelão, um conjunto de percussão de origem na Indonésia, que precisa de 20 pessoas para toca-lo.

No 7º andar está um pátio com vista e um restaurante. A área estava em reformas em virtude das férias, então não pudemos conhecer. O tour foi finalizado passando pelas salas Roxa e Laranja que servem como ateliê de música para jovens e crianças. O roxo tem efeito ótico de calma, enquanto o laranja – cor complementar ao roxo – estimula atividades. Neste caso, a sala laranja é utilizada para crianças em faixa etária entre 8 e 15 anos. Nela está o Sonorium, usado para projetos com crianças portadoras de autismo. A cada movimento da criança, se aciona um som e então forma uma “escultura musical”.

Sem dúvida, foi bem interessante conhecer todo o projeto e estrutura da Casa da Música. As visitas guiadas são realizadas diariamente no valor de 10€ (agosto 2018), com horários definidos para os idiomas: português, inglês e francês. O tour dura em torno de 1 hora e é gratuito para crianças com menos de 12 anos. O valor da visita pode ser usado como desconto ao adquirir um bilhete para qualquer concerto promovido pela Casa. A agenda de apresentações pode ser consultada no site da casa.

Endereço: Av. da Boavista, 604-610 – Tel.: +351 220 120 220

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Leo Vidal
Carioca, biólogo, apaixonado por música, filmes e sempre disposto para novas viagens. Compartilha suas dicas de viagem há mais de 10 anos, sempre antenado ao melhor da gastronomia e hotelaria.

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