Parque das Aves em Foz do Iguaçu
Foz do Iguaçu

Parque das Aves: santuário da natureza em Foz do Iguaçu

Parque das Aves é um centro de conservação da natureza e um santuário para recuperação da vida silvestre. Abriga mais de 900 aves de 180 espécies, formando uma miscelânea de cores e sons. É uma experiência única de contato com a natureza e para admirar diversas espécies de aves e alguns répteis de forma natural. O Parque das Aves fica bem próximo ao Parque Nacional do Iguaçu, basta atravessar a rodovia. Por isso, o ideal é conciliar com a visita às Cataratas do Iguaçu.

História do Parque das Aves

A história do Parque das Aves começa com Anna e Dennis Croukamp que ao ganhar um filhote de Papagaio-do-Congo, despertaram o amor e interesse pelas aves. Ao se mudar para Foz do Iguaçu, o casal adquiriu 16 hectares de floresta subtropical totalmente licenciado. Posteriormente, eles prepararam o terreno plantando centenas de árvores nativas. Em seguida, criaram trilhas pela floresta que unissem os recintos que viriam a abrigar as aves. Anna, que é médica veterinária, começou a cuidar das primeiras aves que chegaram ao parque.

Essas primeiras aves chegaram a partir de doações ou empréstimos de zoológicos brasileiros, assim como animais confiscados e enviados pelo Ibama. O Parque das Aves foi inaugurado no dia 7 de outubro de 1994, onze meses após Dennis e Anna terem desembarcado no Brasil. Desde então, o parque não para de crescer e atualmente é o maior parque de aves da América Latina. 

Metade das aves que vemos na visita foram resgatadas de maus tratos ou do tráfico de animais. Ao chegarem ao Parque das Aves através de autoridades ambientais, estes animais são tratados para se recuperarem. Quando possível, eles são soltos. Caso não haja essa possibilidade, eles ganham um lar em meio a Mata Atlântica dentro do parque. Muitas aves ameaçadas de extinção se reproduzem no parque, sendo que atualmente 43% das aves nasceram lá.

Visita ao Parque das Aves

Nossa visita pelo Parque das Aves seguiu o percurso normal. Primeiramente, pelo recinto da Árvore da Vida, que usa a história da mitologia nórdica para chamar atenção da ameaça que a humanidade impõe ao nosso planeta. Chamou atenção a frase “A Natureza não precisa de nós, nós é que precisamos dela”.

Árvore da Vida
Árvore da Vida

Segundo a lenda nórdica, o jovem deus Wotan se deparou com a Árvore da Vida que era o equilíbrio do mundo e abrigava em meio às suas raízes a Fonte do Saber. Wotan pediu permissão para tomar a água da fonte, pagando como preço um de seus olhos. Não satisfeito, ainda cortou um pedaço do tronco da árvore fazendo uma lança, usada para entalhar as regras do mundo, a fim de dominá-lo. A árvore então ferida, deu origem a um fogo que se espalhou e consumiu toda a vida na terra. Já sem vida, o mundo foi inundado e quando as águas desceram, a natureza por fim ressurgiu, mas desta vez sem a presença dos seres humanos.

Viveiros Floresta e Pantanal e o Covil dos Répteis

Em seguida, passamos pelos flamingos até chegar ao primeiro viveiro do Parque das Aves. O Viveiro Floresta traz uma floresta densa e úmida, que permite que muitas espécies de aves convivam nas diferentes camadas deste bioma. Ali podemos ver mutuns procurando por frutos e insetos no solo. Assim como gralhas e sabiás cantando, jacutingas e tucanos no topo das árvores. Um tucano mais amistoso estava bem próximo à trilha procurando por novas amizades.

Seguindo a trilha do Parque das Aves, passamos pelo Viveiro Pantanal. O viveiro é uma homenagem a um dos biomas mais ricos do Brasil e maior planície alagável do mundo. Este viveiro abriga aves adaptadas ao ambiente aquático, como guarás e garças, além de seriemas e outras espécies. Importante ressaltar que a entrada nos viveiros é controlada sempre por duas portas que devem ser abertas de forma ordenada a fim de evitar a dispersão das aves.

Viveiro Floresta e Pantanal no Parque ds Aves
Viveiros Floresta e Pantanal

Covil dos Répteis, Harpias, Grous e Ararajubas

No caminho passamos pelo Covil dos Répteis, um habitat onde pudemos observar alguns répteis da fauna brasileira, como jiboias, iguanas, jacarés, tartarugas e uma grande sucuri, que estava acanhada e toda enrolada, quando passamos por lá. O lago onde ficam os répteis, bem como todos os lagos artificiais do parque, passam por filtros biológicos. Algo que nos explicaram é que muitas cobras chegam ao Parque das Aves desidratadas, machucadas e com marcas de ferimentos feitos com facão. Quando reabilitadas, são devolvidas à natureza sempre que possível.

Logo após, passamos pelo Refúgio das Harpias, também conhecidas como Gavião-real, a mais poderosa ave de rapina do mundo. Com exceção da região amazônica, esta ave é rara ou extinta no restante da América do Sul. Quando passamos, elas estavam se alimentando. Em seguida, o Paraíso dos Grous onde pudemos ver essas aves de pescoço e pernas compridas e os exuberantes pavões.

Répteis e Ararajubas
Répteis e Ararajubas no Parque das Aves

No Paraíso das Ararajubas, pudemos observar essa ave-símbolo do Brasil, por levarem as cores da bandeira brasileira. Elas vivem em pequenas populações na região amazônica, habitando as copas das árvores mais altas. A ararajuba é uma espécie que está ameaçada de extinção devido à destruição e fragmentação de seu habitat e também pelo tráfico de animais silvestres. A colônia deste viveiro foi apreendida em péssimas condições pelo IBAMA. Felizmente já estão se recuperando e inclusive se reproduzindo, como mostra um vídeo do ninho com os filhotes. Com isso, o Parque das Aves exibe a maior colônia de ararajubas em cativeiro do mundo.

Araras e Borboletas

Sem dúvida, um dos mais aguardados momentos do passeio é o Viveiro das Araras. Enorme, com 60 metros de comprimento, 15 de largura e 15 de altura, abriga araras, papagaios e periquitos. Com todos esse espaço, as araras podem fazer voos, enquanto vemos tudo de perto. Além de abrigar e recuperar as aves, o Parque das Aves também participa de projetos de conservação das espécies, já que das 370 espécies, 26% estão ameaçadas, ou seja, de cada 4 espécies, 1 está em perigo. Realmente muito lindo e colorido.

Araras no Parque das Aves
Araras e Borboletas

Em seguida, passamos pelo Borboletário, um viveiro compartilhado por inúmeras espécies de borboletas e beija-flores. No caminho ainda passamos pelas corujas, tucanos e pelo casuar, uma ave solitária e territorialista aparentado com o avestruz e a ema. Existem três espécies e sua diferente crista reflete sua idade e dominância. Outra curiosidade é que o macho que choca os ovos e cuida dos filhotes. Por fim, o percurso pelo Parque das Aves dura 1h30. É então hora de tirar foto com as araras mansas em seu braço. Porém, quando chegamos na fila, elas estavam indo descansar, só voltando a fazer fotos uma hora depois. Uma pena!

Outros detalhes sobre o Parque das Aves

Ademais, o Parque das Aves abriga o Hospital para Aves. O local acolhe animais feridos que chegam ao parque para tratamento por uma equipe de veterinários e biólogos. É um importante centro de referência em reprodução e bem-estar de diversas espécies ameaçadas. Outro fato é que o parque oferece condições necessárias para que as aves se reproduzam com o mínimo de intervenção humana, permitindo aos pais criar os próprios filhotes como na natureza.

Saí encantado com o parque, não só pela beleza das aves, mas também por todo o projeto idealizado e principalmente a busca pela conscientização e pela conservação das espécies. Infelizmente, muitas aves são alvo do tráfico de animais silvestres, são 40 milhões de animais capturados por ano, sendo que apenas 1 em cada 10 animais retirados da natureza sobrevive. É preciso dizer NÃO ao tráfico de animais.

O Parque das Aves abre todos os dias das 8h30 às 17h, mas recomendo a visita pela manhã, porque à tarde normalmente as aves estão dormindo e podem não ficar visíveis. Moradores de Foz do Iguaçu apresentando comprovante de residência em seu próprio nome e RG, têm desconto no ingresso. Crianças de até 8 anos acompanhadas de um adulto não pagam. Certamente, um passeio para a família toda.

Endereço: Av. das Cataratas, KM 17.1 – Foz do Iguaçu – Tel.: (45) 3529-8282

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Leo Vidal
Carioca, biólogo, apaixonado por música, filmes e sempre disposto para novas viagens. Compartilha suas dicas de viagem há mais de 10 anos, sempre antenado ao melhor da gastronomia e hotelaria.

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