A Plaza Mayor é considerada centro da Madrid Antiga. Palco de julgamentos religiosos durante a Inquisição Espanhola, hoje a praça abriga vários restaurantes e lojas, sendo um grande atrativo aos turistas. Nos arredores, está a famosa Puerta del Sol, onde está o marco zero de Madrid. Circular por ali é praticamente obrigatório a quem visita a capital espanhola.
Projetada por Juan de Herrera e Juan Gómez de Mora, a Plaza Mayor é uma praça retangular com nove pórticos, rodeada por edifícios de três andares com mais de 200 varandas. Suas dimensões – em torno de 120 x 90 metros – conferem o nome, mas nem sempre foi assim chamada. No início era a Plaza de Arrabal, passando para Plaza Mayor, depois Plaza Real, Plaza de la República, Plaza de la Constituición, voltando a Plaza Mayor no final da guerra civil espanhola.
A praça era o local de festejos populares, corridas de touros, manifestações religiosas, coroação de reis, autos-de-fé e até execuções durante a Inquisição Espanhola. Por isso, seu legado histórico é enorme.
Os prédios de cinco andares foram construídos a partir de 1617, sendo a Casa de la Panadería a parte mais extravagante por conta de sua fachada decorada com pinturas alegóricas, mas que serviu como modelo copiado pelos restantes edifícios da praça. No local funcionava a Tahona Principal de la Villa (moinho), que estabelecia o preço do pão para a população com menos recursos; passou a ser aposento real e sede da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando e da Academia de História; e atualmente é onde fica o principal centro de informação turística de Madrid.
Após incêndios, a reconstrução de autoria do arquiteto Juan de Villanueva, reduziu os edifícios a três andares e criou arcos de acesso, sendo o Arco de Cuchilleros, o mais conhecido por sua escadaria em desnível acentuado. No centro da praça, uma das obras de arte de maior valor em Madrid, a estátua equestre de Felipe III, idealizador da praça. A obra é de Giovanni de Bologna, terminada por Pietro Tacca em 1616, trazida para o local em 1848. Quando estivemos por lá em fevereiro de 2018, uma escultura flutuante em cor avermelhada de Janete Chelman foi instalada para comemorar os 400 anos da Plaza Mayor.
Atualmente, aos domingos funciona uma feira de antiguidades e todos os dias cafés e restaurantes atraem os turistas que disputam espaço com diversos “personagens” que tentam fazer poses para fotos e assim ganhar um trocado. Vale prestar atenção, porque muitos se jogam em frente as fotos e depois querem cobrar por ter saído nela.
Aproveitando que está na Plaza Mayor, a dica é esticar um pouco e visitar a Puerta del Sol, originalmente a entrada leste da cidade. Em frente à porta da Casa dos Corrios, encontra-se a placa que representa o Marco Zero da cidade, onde está escrito “Origen de las Carreteras Radiales”. A praça em frente apresenta formato em meia-lua e ao centro uma estátua equestre do rei Carlos III, responsável pela modernização da cidade no século 18.
Mas a estátua mais famosa e querida pelos madrilenhos é a El Oso y el Madroño, também localizada por ali. Inaugurada em 1967, a estátua que simboliza um urso tentando alcançar os frutos do madronho, é obra de Antonio Navarro Santafé com base no escudo que simboliza a cidade de Madrid. Na primeira vez que estive em Madrid, achei que fosse uma escultura gigantesca e acabei surpreso ao ver que é pouco maior que eu, pelo fato de estar sobre um pedestal. Dessa vez, no pedestal já estava uma inscrição em homenagem aos 50 anos da escultura.
Passada essa “pequena decepção”, foram várias fotos em diversos ângulos. Até que fui procurar saber o que significava a escultura símbolo da cidade. O primeiro significado é em torno do animal, que dizem ser uma fêmea de urso, representando a abundância e fertilidade das terras espanholas. Já o madronho é uma árvore de cujo fruto se faz licor e doces, porém dizer ter também propriedades curativas, que inclusive salvou várias pessoas que comeram seu fruto durante uma praga que assolou a cidade no século 15.
Em uma disputa entre o Estado – simbolizado pelo urso – e a Igreja – simbolizada pelos pastos e árvores -, a escultura retratada no escudo na cidade, mostra a soberania do Estado sobre a Igreja, com o urso se debruçando na árvore em busca de seus frutos.
Uma vez na Puerta del Sol, aproveite para circular pelos diversos cafés e bares, assim como as lojas de souvenires, uma Apple e diversas filiais do El Corte Inglês, incluindo um prédio todo dedicado à tecnologia e eletrodomésticos e outro dedicado a animais de estimação. Por ser uma área de muito movimento, recomendo ter atenção com os pertences para evitar pequenos furtos.