Muita gente que visita Petrópolis inclui em seu roteiro conhecer a famosa casa de Alberto Santos Dumont. Eu mesmo fui algumas vezes quando criança, em excursões de colégio a Petrópolis. Porém, as pessoas se confundem achando que essa foi a casa onde ele nasceu. Na verdade, Santos Dumont nasceu em Palmira, uma cidade mineira que hoje recebe seu nome. Em Petrópolis, o aviador viveu seus últimos anos, quando construiu seu chalé “A Encantada”, hoje conhecido como “Casa de Santos Dumont”.
Idealizada pelo próprio Santos Dumont em 1918 para ser sua residência de verão, a casa foi um projeto arquitetônico de Eduardo Pederneiras. A casa, um chalé estilo alpino francês, recebeu o nome de “A Encantada” é uma casa com diversas criações próprias. Com estrutura simples, reflete a inventividade de Santos Dumont nos três pavimentos: oficina, sala, quarto e banheiro. Não possuía cozinha, pois as refeições vinham do Palace Hotel, atual prédio da Universidade Católica de Petrópolis. A Encantada foi residência do aviador até 1932, quando ele se suicidou aos 59 anos. Em 1936, a casa, móveis e objetos do inventor foram doados pela família à Prefeitura de Petrópolis e a casa tombada em 1952, tornando-se o Museu Casa de Santos Dumont em 1956.
O acesso à bilheteria se dá por meio de uma escada de pedra. Visitei a casa em uma quarta, e às quartas-feiras, a entrada é gratuita para petropolitanos, mas mesmo sem ser petropolitano, não paguei nada pelo ingresso. A íngreme escada de acesso à casa em si tem os degraus recortados para facilitar a subida e a descida. São dois pequenos andares, sendo que no primeiro andar estão expostos vários objetos, fotos e cartas, bem como uma luminária original da casa e o famoso chapéu Panamá com o qual Santos Dumont posou para várias fotos.
A grande atração da casa é a escada de entrada, com degraus em forma de raquete, na qual só se pode acessar começando com o pé direito, um exemplo clássico da superstição de Santos Dumont. Por essa escada se chega ao segundo piso da casa, bem pequeno, onde ficava o quarto de dormir, que também era usado, durante o dia, como escritório. A cama era formada por um móvel com várias gavetas onde ele guardava os pertences e a caseira vinha apenas colocar o colchão para a noite de sono. O armário fica atrás da porta.
Uma curiosidade no banheiro é o chuveiro de água quente com aquecimento a álcool. O chuveiro é formado por um balde perfurado e dividido ao meio. De um lado entra água fria e de outro, água quente. Quando se puxa as correntes, as águas se misturam, caindo morna.
Do lado de fora da casa, nota-se uma escada que leva para o alto do telhado da casa. Ela leva ao observatório que Santos Dumont instalou sobre o telhado da casa, onde ele costumava passar horas observando o céu.
Também do lado de fora, anexo à casa, está o Centro Cultural 14 Bis. O espaço tem acessibilidade e maquetes táteis para visitantes com necessidades especiais. Além disso, uma oficina de artes e uma sala de projeção de filmes contando um pouco a trajetória do aviador, assim como azulejos pintados com os maiores feitos do voo do 14 Bis. Bem interessante.
Do alto da casa é possível ver a Universidade Católica de Petrópolis e o Relógio de Flores, que quando estive lá não estava tão florido. Esse é um dos belos prédios nos arredores da Casa de Santos Dumont. Em frente à casa, também está o Museu de Cera de Petrópolis, instalado em um casarão do início do século XX, em estilo espanhol. O imóvel foi tombado pelo IPHAN e abriga o museu de cera que é o primeiro do Brasil com padrões internacionais de hiper-realismo. Não cheguei a entrar para conhecer, mas é dito que o acervo foi cuidadosamente selecionado para contemplar todas as gerações de visitantes.
Não muito longe dali, fica a Praça 14 Bis. Nela está um monumento em homenagem a Santos Dumont que deu asas ao mundo em 1906, mas também rende homenagem a Gago Coutinho e Sacadura Cabral pela travessia do Atlântico em 1922. Mas o que chama mais atenção é a réplica do invento mais famoso de Santos Dumont, o 14 Bis. A atração foi inaugurada em 2006, para comemorar o centenário do primeiro voo da aeronave.
Vale a pena visitar essa área e conhecer esses pontos turísticos de Petrópolis. Concilie com uma caminhada pela Avenida Koëler como sugerido no roteiro de Petrópolis que preparei. As visitas aos museus não devem levar mais que 2 horas, perfeito para conciliar com outras visitações a pontos turísticos da cidade.
Serviço – Museu Casa Santos Dumont
Endereço: Rua do Encanto, 22 – Centro
Visitação: terça a domingo de 9h30 às 17h.