Veneza é conhecida pelo romantismo e passeios de gôndolas por seus canais, mas um dos cenários mais memoráveis da cidade é a Piazza San Marco – ou Praça de São Marcos. O motivo é simples, nos arredores estão grandes atrações turísticas que não podem deixar de ser visitadas. Justamente por isso, a praça está sempre muito movimentada, repleta de turistas.
Considerada principal atração de Veneza, a Piazza San Marco está em localização central, no coração da cidade. Historicamente, foi palco de grandes acontecimentos que marcaram a cidade, tendo sua origem nos anos 800. Engana-se quem acha que o patrono de Veneza sempre foi São Marcos. No início era São Teodoro, mas com a chegada de relíquias de São Marcos vindas de Alexandria, o povo e o doge assumiram o santo como patrono e em sua homenagem, nomearam a principal praça da cidade.
Os primeiros relatos da praça como conhecemos hoje – em relação a forma e tamanho – datam da era Medieval (1100-1490), quando se iniciou a construção de prédios na parte norte e sul da praça. No final do século 13, foi pavimentada com ladrilhos padronizados, que foram substituídos em 1723, por outros com temática geométrica, segundo projeto do arquiteto Andrea Tirali. Em seguida, durante o período Renascentista (1490-1797) a praça ganhou o relógio astrológico, mas foi palco de uma das grandes guerras italianas, a Guerra da Liga Santa. Em 1797, Veneza se rendeu a Napoleão, sendo tomada posteriormente pelos austríacos. Em 1890, nova pavimentação e foi incorporada a Ala Napoleônica ao final da praça.
Atualmente, a praça ainda é palco de grandes eventos, entre eles o famoso Carnaval de Veneza. Até em novela, a praça já figurou. Quem não se lembra da personagem de Cláudia Ohana em Vamp dançando no meio da Piazza San Marco em meio às centenas de pombos que até hoje circulam por ali?
Em relação às atrações turísticas, chama atenção a Torre do Relógio, um edifício renascentista no lado norte da Piazza San Marco. Tanto a torre quanto o relógio astrológico datam do final do século 15, embora o mecanismo do relógio já tenha sido renovado algumas vezes, permitindo que ele funcione perfeitamente até hoje.
No topo, duas figuras em bronze tocam as horas em um sino – um velho e um jovem, representando a passagem de tempo. De cada lado há dois grandes painéis azuis, o da esquerda mostra a hora em algarismos romanos e o da direita, os minutos em algarismos arábicos. Duas vezes por ano, no Dia de Reis e Dia da Ascensão, os três Reis Magos, liderados por um anjo com trombeta, emergem de uma das portas normalmente ocupadas por esses números. Dentro do círculo de mármore abaixo do ponteiro do sol estão os signos do zodíaco originais em ouro, indicando a posição do sol no zodíaco. Tours pelo interior do edifício podem ser reservados com antecedência, realizados em italiano, inglês e francês.
A Basílica de San Marco talvez seja a construção mais imponente da praça, mais até que o próprio Palácio dos Doges. Essa imponência está presente não só na arquitetura externa, mas também no seu interior coberto de ouro, que lhe rende o apelido de “Igreja de Ouro”. A Basílica é a mais famosa das igrejas da cidade, sendo um exemplo da arquitetura ítalo-bizantina. São cinco grandes arcos, sendo o central, a entrada principal e cinco cúpulas, que de acordo com o modelo oriental, simbolizam a presença de Deus.
Em seu interior, as paredes e abóbadas são cobertas por mosaicos cuja decoração foi desenvolvida ao longo de oito séculos de história da Basílica. Representando histórias do Antigo e Novo Testamento, eventos nas vidas de Cristo e de São Marcos, entre outros santos, os mosaicos com fundo de ouro asseguram a continuidade e o modo especial de ser da igreja. Como nas igrejas do Oriente Médio, a interação da decoração com uma luz fraca, mas em constante mudança, de acordo com a hora do dia, cria uma gama de efeitos evocativos e intensos.
A visita ao interior da basílica dura em torno de 10 minutos. A entrada é gratuita e pode ser realizada entre 09h30 e 17h de segunda a sábado, e a partir das 14h aos domingos e feriados. O acesso ao Museo di San Marco custa 5€ e ao Tesouro 3€.
Parte da Basílica, o Campanile di San Marco é uma atração à parte e se tornou um dos símbolos de Veneza. O campanário é a torre do sino da basílica com 98,6 metros de altura, sendo 50 metros revestidos de tijolos. Datado do século 9, em 1902 sofreu com incêndios e foi às ruínas, sendo reconstruído em 1912. A estrutura atual abriga cinco sinos, coberta por uma agulha piramidal com a figura do Arcanjo Gabriel em um cata-vento dourado.
O campanário está aberto à visitação a partir das 09h, com horário de fechamento que varia de acordo com a época do ano. O ingresso é pago na hora (8€) e o acesso ao topo é feito por elevador. Uma vez lá em cima, se consegue ter uma vista 360 graus da cidade de Veneza.
Quando estive lá, acreditem, o elevador parou de funcionar e tive que descer pelas centenas de degraus da escada de emergência, pelo interior da torre. Claro que, nesse momento, as subidas foram interrompidas até que o elevador voltasse a funcionar.
Apesar de abrigar diversos restaurantes e cafés, um deles se destaca na Piazza San Marco, o Caffé Florian. Com quase 300 anos de serviço, o tradicional café se tornou uma grande atração turística de Veneza, não só pelo ambiente que nos remete às épocas passadas, mas também pelo ótimo serviço tanto no interior do salão, como nas mesas externas, sob os arcos, onde fiquei. Local agradável para tomar um café e claro, experimentar os tradicionais biscoitos Zaletti. Outra atração nos arredores da Piazza San Marco é o Palácio Ducal ou Palácio dos Doges, que merece atenção especial e falarei em outro post.