A herança moura de Granada ainda pode ser vista não só em Alhambra, mas também no bairro de Albaicín (Albayzín). Junto com o bairro de Sacromonte, caminhar por suas ruas é vivenciar um pouco dessa herança. E sem dúvida ter uma das mais belas vistas de Alhambra.
Na fase islâmica, a atual Albaicín era um conjunto de diferentes centros urbanos independentes. O bairro, que recebe esse nome pelo monte Albayzín, teve sua maior influência na época dos Nasridas. Ele mantém o traçado urbano do período mouro. Ruas estreitas sinuosas em uma rede intrincada que se estende desde o Mirante San Nicolás e a Calle Elvira, ao longo do rio Darro. Em dezembro de 1499, o Albaicín foi o ponto de partida de uma rebelião em Granada. O motivo foi a conversão forçada da população muçulmana ao cristianismo, durante a Inquisição Espanhola.
Tour pelo Albaicín com Granada a Pie
Nosso tour pelo bairro foi feito com a empresa Granada a Pie, a mesma que nos guiou por Alhambra. Optamos pelo tour conjugado, em que visitamos a cidadela no início da manhã e o bairro de Albaicín no final da tarde.
Nosso ponto de encontro foi a Plaza Isabel la Catolica, de onde seguimos em um roteiro a pé. A primeira parada foi na Igreja de Santa Ana, uma igreja de tijolos do século 16 em estilo mudéjar. Construída em 1537 sob projeto de Sebastián de Alcántara, é também conhecida como Igreja de San Gil e Santa Ana. Portão renascentista com grotescos e colunas coristas, uma torre construída entre os anos de 1561 e 1563 por Juan Castellar e no interior, cinco capelas e um teto em caixotão. Em frente à igreja está a Real Chancillería, construída em 1530 pelos Reis Católicos com uma imponente fachada renascentista.
Seguindo pela Carrera del Darro podemos observar pontes e fachadas de edifícios antigos, alguns restaurados. A rua recebe esse nome por percorrer em paralelo o curso do rio de mesmo nome. Datada do séculos 11, a Puerta de los Tableros cuja ponte de uso militar serviu como conector para o provimento de água, é uma das atrações do local. Na esquina da rua Bañuelo está a mais antiga terma mourisca. Datado do século XI, o El Bañuelo, se encontra aberto à visitação até hoje. Porém, não tive tempo de conhecer.
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Subindo para Sacromonte
Logo após, seguimos pelas ruas do bairro Sacromonte. Antigamente chamado Valparaíso, passou a receber esse nome com o descobrimento das Santas Cuevas em 1595. São cavernas escavadas na encosta onde viviam os ciganos de Granada. Essas cavernas foram convertidas em tablas de flamenco, restaurantes, discotecas e alojamentos turísticos. Por isso se torna uma área bem agitada à noite. Nas proximidades está a Igreja de San Salvador, construída sobre a Grande Mesquita de Albaicín, que ainda conserva o pátio de ablução, bem como o Convento de Las Tomasas.
O tipo tradicional de casa no Albaicín é o carmen. Ele consiste de um casarão com decoração mourisca cercado por um muro alto que a separa da rua. Ocasionalmente inclui um pequeno pomar ou jardim. Muitos desses cármenes hoje abrigam restaurantes que em sua maioria abrem apenas nos meses mais quentes.
Um que é aberto à visitação é o Carmen Museo Max Moreau, doado a Granada pelo pintor belga Max Leon Moreau. Foi a casa onde ele viveu até sua morte em 1992 e atualmente transformado em museu desde 1998. Além de conhecer como é um carmen por dentro, os visitantes podem ver pertences e obras do pintor, por exemplo, além de aproveitar a linda vista de Alhambra.
![Tour Albaicín](https://panoramadeviagem.com.br/wp-content/uploads/2019/08/casa-museo-max-moreau-1024x384.jpg)
Gran finale com vista
Ao final de nosso tour, chegamos ao Mirador de San Nicolás de onde se tem certamente a melhor vista para a Alhambra, permitindo uma imagem global do complexo monumental. Infelizmente quando estivemos lá a Igreja de San Nicolás estava em obras e não pudemos visita-la, mas aproveitamos para comer uns petiscos e tomar uma taça de vinho no Bar Kiki na praça ao fundo, enquanto aguardávamos pelo belíssimo pôr do sol que presenciamos mais tarde.
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Apesar de existir um ônibus que leva do alto do Albaicín para o centro de Granada, descemos a pé pelas ruas do bairro, onde estão vários restaurantes e lojas. Em 1994, o Albaicín foi declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO como uma extensão dos monumentos da Alhambra e do Generalife. Por isso, a visita ao bairro é tão interessante.